Legalize já?

Volta e meia surgem polêmicas lá no grupo do Meu Bairro Buritis no Facebook. E um determinado assunto está dando o que falar hoje, e já tinha rendido acalorado debate há poucos dias. O tema é bastante controverso e divide opiniões, mas vamos falar dele e pontuar algumas coisas. A polêmica da vez foi um post feito por um membro do grupo, falando sobre jovens que costumam se reunir em uma praça do bairro. Ele escreveu o seguinte: “A rua é pequena, familiar, onde todo mundo se conhece, passeamos com nossos cachorros e nossos filhos diariamente, mas ultimamente tem sido invadida por Jovens e Adolescentes, usuários de drogas e bebidas alcoólicas. Jogam lixo, resto de comida, latas de cerveja, gritam, arrancam placas e etc. TODOS OS DIAS, não importa a hora, apesar de a noite ser mais frequente! São jovens bem vestidos, normalmente chegam de carro, às vezes com uniforme de colégios próximos, provavelmente moradores do bairro (fica até um alerta para os Pais). Outro dia, desci com meu cão e meu filho para um passeio as 17:30 aproximadamente, e a praça estava dominada por um grupo de adolescentes bem vestidos, de idade aproximada 16, 17 anos, fumando maconha como se fosse algo muito comum entre eles! Resumindo, não quero que a porta da minha casa vire referência para marginais e drogados…” Bem, percebemos que o real problema em questão não era nem o fato de os jovens estarem ou não usando drogas. O condenável aí era eles estarem incomodando a vizinhança, depredando patrimônio público e sujando a rua. Se eram realmente menores de idade, caberia aos pais deles tomarem uma atitude para que seus filhos hajam com mais educação e respeito. As drogas aqui na verdade eram um mero detalhe. No entanto, claro, o post acabou se tornando polêmico por isso. A grande maioria dos comentários eram de pessoas a favor ou contra a liberação da maconha. Há alguns dias publicamos a notícia da prisão de um morador do Buritis que possuía uma estufa com plantação de maconha em casa. A mesma discussão acalorada ocorreu, e até muitas vezes descanbando para ofensas pessoais entre os defensores da liberação e os que condenam a ideia. Mas será que dá pra dizer que um desses dois grupos tem razão? O debate é antigo e ocorre no país todo. Por sinal, no próximo dia 26 de maio ocorrerá na Praça da Estação a 10ª edição da Marcha da Maconha. Na descrição do evento no Facebook já são apresentados argumentos a favor da descrminalização: “A economia e as finanças públicas vão mal? Pois a re-legalização da Cannabis renderia BILHÕES de reais em impostos aos cofres do governo. E que tal também anistiar os cerca de 100.000 presas e presos que temos hoje no Brasil por causa de uma ERVA MEDICINAL (sim, apenas por causa de maconha, sem contar as outras drogas)? Cada um deles custa R$ 2.400 por mês ao Estado, logo economizaríamos R$ 240.000.000,00 a cada mês, ou nada menos que 28,8 BILHÕES DE REAIS AO ANO! E o melhor: muitos filhos teriam seus pais de volta em casa!” Nem todo mundo concorda. “Espero que nunca tenham um filho com problemas com drogas. Acho uma irresponsabilidade falar de liberação num país como o nosso que nem tem educação direito. Maconha nunca foi bom. Muitos adolescentes com problemas de esquisofrenia e depressão devido ao consumo na idade em que o cérebro ainda está em formação. Muitos artigos científicos e psiquiatras falam sobre isso. Então temos que ter cuidado quando falamos em liberar a Maconha. Não é tão simples assim.”, escreveu um membro do nosso grupo no Facebook. O fato é que este tema é mais um destes que é extremamente complexo. Quem tentar resumir o assunto a este ou aquele argumento vai sempre cometer erros. Comparar nosso país com outros onde a planta é legalizada, mas que vivem situação social, econômica e política muito diferentes da nossa, é complicado. Falar do possível ganho com a arrecadação de impostos também não basta, pois há muitas outras questões em jogo, como o tratamento de dependentes, por exemplo. Mas é fato que o consumo de drogas e o tráfico são um dos maiores problemas do nosso país. É fato também que há indicações e pesquisas comprovando a eficácia da Cannabis em determinados tratamentos medicinais e terapêuticos. Percebe como é difícil chegar a uma conclusão? Qualquer que seja a opção parece que sempre teremos prós e contras. E quem sou eu pra dizer? Confesso que não sei. Mas sabe o que de fato me incomoda  particularmente nesse debate todo? A hipocrisia da nossa sociedade. Costumamos ouvir que a maconha é a porta de entrada para outras drogas mais pesadas. Mas basta observar o dia-a-dia pra ver  o que de fato é a porta de entrada: o álcool. De acordo com uma pesquisa publicada no Journal of School Health, o primeiro estimulante consumido por pessoas que apresentam problemas com drogas é o álcool. Essa droga, que na realidade é a mais devastadora de todas, e que não só é legalizada como tem seu uso bastante estimulado. Consumida por todos como se fosse água. Mas todos convenientemente se “esquecem” dela, e não só acham normal todo mundo beber até cair, como ainda estimulam os jovens desde cedo a beber, e discriminam quem opta por não utilizar. O que não entendo é ser contra ou a favor da legalização apenas desta ou daquela droga. Obviamente o uso medicinal da Cannabis, com prescrição indicada por um médico, deveria ser permitido, assim como diversos outros medicamentos são. Mas quanto ao uso recreativo, a meu ver, o correto seria debater sobre proibir todas ou legalizar todas. Não vejo como uma situação onde o meio termo se encaixa. Mas claro, sabemos que o álcool nunca seria proibido, pois já é parte da nossa sociedade e da nossa cultura, e é uma indústria poderosa que fatura bilhões. Enquanto isso, continuemos aqui debatendo se é válido liberar a Cannabis, enquanto lemos no jornal outra notícia de acidente causado por motorista bêbado, antes de irmos pra festa de mais tarde, beber uma cerveja, porque ninguém é de ferro, né?       Leonardo Orrico Publicitário, entusista das redes sociais, administra o projeto Meu Bairro Buritis junto com sua esposa e seus quatro gatos, tentando fazer sua parte para um mundo melhor, começando pelo seu bairro.   
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