São João, sossega nosso coração!

São João, sossega nosso coração!

Meio milhão de brasileiros mortos pela covid-19 e não há mesmo clima para comemorações. Mas quando chega junho é difícil não se lembrar das festas juninas que se encerram hoje, 29, Dia de São Pedro. A pandemia nos impôs uma abstinência desses festejos que são a cara do Brasil e que estão proibidos porque uma boa fogueira só se faz com muita aglomeração, contexto perfeito para a proliferação do vírus.

Enquanto não é permitido o ajuntamento social ao redor das barraquinhas de comidas típicas, ao som da sanfona e embalado pela quadrilha, nos resta recordar o clima delicioso das festas juninas e torcer para que, no próximo ano, possamos retomar essa tradição tão bacana!

Sou suspeita porque nasci no dia de São João e, sendo cria do santo-símbolo dessa celebração, só podia mesmo ser uma entusiasta de um arrasta-pé. Minha avó materna me deixou lindas lembranças afetivas das comemorações do meu 24 de junho. Era ela a responsável pelas bandeirolas que enfeitavam o aniversário. Ela cortava revistas velhas e preparava artesanalmente o grude que ia colar as bandeirolas. Essa invenção caseira, feita com água, farinha de trigo e vinagre, substituía a cola e grudava perfeitamente os adornos. O barbante era esticado nos fundos da casa, o grude era passado de fora a fora e as bandeirolas coladas uma a uma, dando um colorido lindo ao cenário de festa.

Mas gostar de festa junina não é privilégio dos nascidos no dia de São João. Essa festa é uma das mais populares no Brasil. Caruaru, em Pernambuco, levou essa festança tão a sério que é reconhecida no livro dos recordes como a cidade que faz a maior festa regional ao ar livre do mundo! No Buritis também acontecem festas muito animadas, entre elas a da Paróquia Santa Clara, realizada no Uni-BH. É um dia inteiro de farra, onde os moradores participam ativamente não só da festa em si, como dos preparativos dela.

Há alguns dias, o Leo fez uma publicação no Meu Bairro Buritis falando da magia das festas juninas e propondo a realização de um arrasta-pé no ano que vem. Muita gente se animou com a ideia e comentou da saudade que estava da festança. A Ana Rosa Pires falou que a festa junina é aquela em “que adora tudo”.  Maria das Graças Abrantes lembrou da “animação da quadrilha, das comidinhas e doces típicos, lógico”. Mas teve quem lembrasse também das bebidinhas, como a Rejane Mozer, que gosta especialmente da “canjica e do quentão”.

De fato, a comida, a música e a dança formam uma tríade perfeita de uma boa festa junina. É difícil escolher a melhor comidinha de uma noite de São João. Os salgados são maravilhosos, e vão de caldos a pastéis, passando pelos adoráveis churrasquinhos. Os doces não ficam pra trás, e você não sabe se vai de pé-de-moleque, mingau de milho verde ou beijo-quente.

Na trilha sonora não pode faltar um bom forró pé-de-serra, com sanfona, zabumba e triângulo, e o vozeirão de Luiz Gonzaga: “Olha pro céu, meu amor, olha como ele está lindo, olha pra aquele balão multicor, que lá no céu vai subindo…”.

Nessa hora, os casais já estão a postos para a tradicional quadrilha, com os pares vestidos a caráter. Não pode faltar um vestido chita e uma camisa xadrez. O chapéu de palha também é marca registrada e serve para saudar as damas. Curioso é que a quadrilha foi trazida para o Brasil pelos portugueses e, inicialmente, era uma dança da elite, mas aos poucos foi conquistando o povo. Tornou-se popular no meio rural e virou um festejo para agradecer a colheita, afastar os maus espíritos acendendo uma fogueira, e homenagear São João, Santo Antônio e São Pedro.

Como bem lembrou a Rosana Macedo no post do Leo, “o melhor da festa junina é o clima de alegria genuína, vinda lá da roça”.  Falou tudo, Rosana, tomara que com essa alegria possamos nos encontrar no ano que vem, com toda a comunidade do Buritis vacinada e festejando um novo tempo!



Fernanda Castro
é jornalista, mestre em Educação e especialista em Linguagens, Tecnologias e Ensino. É moradora do Buritis e fundadora do grupo de proteção animal Buri Dogs.

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